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05 fev., 2024
Se você chegou até aqui, é porque, por alguma razão, tem interesse em saber mais sobre o autismo.  Vale lembrar que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que apresenta como principais manifestações: Desenvolvimento atípico. Repertório restrito de interesses. Déficits na comunicação e na interação social. Padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados. Nos últimos anos, acompanhamos um crescimento significativo no número de crianças diagnosticadas com TEA. Isso se deve, em parte, ao avanço científico nessa área, permitindo a definição de critérios diagnósticos que auxiliam na identificação até dos quadros mais leves. No TEA, os níveis de comprometimento e manifestação são variáveis. A própria nomenclatura já nos diz que se trata de um espectro, logo, apresenta diferentes níveis ou graus de comprometimento, mesmo com características comuns. Neste texto, explicaremos como essa classificação é feita atualmente e quais são os desafios na intervenção fonoaudiológica nos diversos graus de autismo. Continue lendo! Classificação do Transtorno do Espectro do Autismo Não é de hoje que a ideia de se classificar o TEA em graus existe. Na verdade, ela vem sendo desenvolvida e aprimorada há muitos anos, com base em avanços científicos na área. Existe um manual para que profissionais compreendam os termos e classificações referentes ao TEA e a outros transtornos: o DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. De tempos em tempos, ele é atualizado por profissionais e pesquisadores das mais diversas áreas . Assim, após anos de discussão e estudos, surgem novos consensos a respeito dos critérios diagnósticos que melhor se aplicam a cada uma das patologias. Em relação ao TEA, acompanhamos uma mudança muito importante entre o DSM-IV (1994) e o DSM-V (2013). Provavelmente, você já deve ter ouvido falar na Síndrome de Asperger, não é? Essa nomenclatura era proposta pelo DSM-IV para se referir às pessoas com níveis mais leves de TEA. Outros nomes eram utilizados para se referir a outras condições relacionadas ao autismo, como: autismo infantil; Transtorno Desintegrativo da Infância; Transtorno Invasivo de Desenvolvimento Sem Outra Especificação. Com o lançamento do DSM-V, uma nova forma de classificação passou a ser utilizada. A partir dele, o autismo passou a ser conhecido como Transtorno do Espectro do Autismo, e os graus foram definidos a partir dos níveis de apoio ou suporte que a pessoa com TEA deve receber. Vamos ver como ficou: Nível 1: Leve — necessidade de pouco apoio Pessoas com esse nível apresentarão dificuldades no que diz respeito à interação e comunicação social, mas não necessitam de tanto apoio. Ademais, terão dificuldades para estabelecer relações sociais e respostas atípicas às mais diversas situações, além de interesses restritos. Essas pessoas podem ter bom desempenho acadêmico e profissional, desde que recebam o suporte necessário, apesar de apresentarem dificuldades no que se refere a: organização; autocuidado; planejamento de tarefas. Crianças no nível 1 podem ter muita dificuldade no processo de aquisição de fala, linguagem e socialização com outras crianças, portanto a intervenção precoce nestes casos é indispensável. Nível 2: Moderado — necessidade moderada de apoio Pessoas com nível moderado de TEA necessitarão de maior apoio para o desenvolvimento de habilidades de interação e comunicação social. A comunicação não verbal está muito comprometida, assim como o comportamento, que tende a estar mais alterado com: padrões restritos e repetitivos dificuldades crescentes no planejamento de tarefas e adaptação a diferentes estímulos. Portanto, para que pessoas com esse nível de TEA possam desenvolver suas potencialidades, o suporte fornecido deve ser maior e iniciado de forma precoce. Nível 3: Severo — muita necessidade de apoio substancial Aqui temos pessoas que necessitarão de muito suporte para tarefas mais simples do dia a dia, como as de autocuidado. A interação social é muito restrita e, com relação à comunicação, aqui são incluídos muitos dos casos não verbais — que não chegam a desenvolver a comunicação por meio da fala. As alterações de comportamento são limitantes e a necessidade de suporte é quase total. Desafios da fonoaudiologia na intervenção do autismo Como podemos perceber, embora tenham origem em características comuns, os graus de manifestação são bastante variáveis no TEA, representando um grande desafio para o diagnóstico e intervenção com essas crianças. Nesse contexto, o fonoaudiólogo deverá compor uma equipe de profissionais que atua em todo esse processo e, de preferência, de forma precoce. Mas vale a pena lembrar: somente um profissional capacitado e especializado saberá explorar todas as habilidades da criança de modo a favorecer sua independência e autonomia. Para isso, ele deve saber: selecionar a melhor forma de avaliação para chegar aos objetivos da intervenção; saber selecionar o melhor método de intervenção, adaptado a cada criança e etapa do seu desenvolvimento; orientar a família e desenvolver um trabalho paralelo com a escola e demais profissionais atuantes no caso. Se você quer ser esse profissional, venha conhecer os cursos da TK sobre o assunto! Temos uma formação mais do que completa que ajudará a compreender esse diagnóstico e te preparar para atuar com ele.
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05 fev., 2024
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que pode se manifestar nas habilidades comunicativas e sociais Muitas pessoas pensam que é uma doença, porém essa classificação é equivocada e gera estereótipos que colaboram para o preconceito contra pessoas autistas. Muitas especulações e mitos se formaram devido a padrões de comportamento e visão deturpada do TEA, mas é preciso ter em mente que cada pessoa possui sua particularidade e isso não é diferente no caso de pessoas com autismo. Na realidade, esse transtorno é mais comum do que imaginado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2 e 4 milhões de indivíduos brasileiros são autistas. No entanto, muitos não sabem dessa condição, tornando difícil uma métrica exata. +Graus de autismo: desafios na intervenção fonoaudiológica Listamos mitos e verdades sobre o autismo com o objetivo de esclarecer as condições do transtorno e colaborar com a redução de preconceitos. Continue a leitura:  Pessoas com autismo tendem a ser agressivas Mito! Pessoas com autismo podem ou não exibir comportamentos agressivos, tanto autoagressivos (agredir a si mesmo) ou hetero-agessivos (agredir ao outro). Vários fatores podem contribuir para manifestação de comportamentos agressivos, desde crises de desregulação sensorial (quando os estímulos sensoriais estão sobrecarregando a pessoa com autismo), dificuldade para expressar algo que desejem (Ex: que não está querendo que alguém se aproxime, ou o toque, etc), até outros fatores ligados à mudanças de rotinas, alterações de humor devido à privação de sono, ajustes de medicação que possam ocorrer no momento. O importante é sempre entender e buscar a causa desse comportamento se manifestar para juntos – profissionais e família – encontrarem um manejo adequado a esse comportamento. Autistas não conseguem manter contato visual Mito. Manter o contato visual envolve dificuldades de socialização, que também é um desafio enfrentado por pessoas com TEA. No entanto, elas podem sim manter o contato visual, desde que as intervenções sejam direcionadas para estimular essa habilidade de forma natural e espontânea em contextos interativos. Elas podem ter dificuldades, mas podem desenvolver essa habilidade. Este fator pode ser desenvolvido com a assistência de profissionais adequados. +A importância das expressões faciais no TEA Todas as pessoas com autismo têm o mesmo comportamento Mito. Como já discutimos em tópicos anteriores, cada indivíduo com autismo tem suas próprias características e comportamentos. Alguns podem exibir comportamentos semelhantes, enquanto outros podem ter comportamentos diferentes e únicos em comparação com qualquer outra pessoa com TEA. Toda pessoa com TEA tem inteligência acima da média Mito. Acreditar que todas as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm inteligência acima da média é um equívoco. Embora isso possa ser verdade em alguns casos de autismo, também é possível desenvolver dificuldades de aprendizado, deficiências nas funções executivas e déficits intelectuais. Apenas uma avaliação multidisciplinar completa pode auxiliar no diagnóstico do TEA juntamente com outras condições associadas. Podem apresentar fala desorganizada Mito. Pessoas com TEA podem ter dificuldades de linguagem e fala, mas os critérios diagnósticos importantes são dificuldades na comunicação e interação social. Apenas um fonoaudiólogo qualificado e especializado pode diagnosticar as alterações de fala e linguagem em uma pessoa com TEA. Ecolalias não são falas disfuncionais nem desorganizadas, o que é um mito. Essas características requerem a assistência de um fonoaudiólogo. +10 sinais de alterações motoras da fala e quando procurar um fonoaudiólogo A intervenção é multidisciplinar Verdade! Pessoas com TEA necessitam de acompanhamento multidisciplinar de profissionais de várias áreas, como: médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, pedagogos, psicopedagogos, auxiliares terapêuticos devidamente capacitados, entre outros. Tudo depende da necessidade do indivíduo. +Como usar o reforço positivo em crianças com autismo? Fonoaudiologia e TEA O Fonoaudiólogo deve fazer parte da equipe de profissionais que acompanham a pessoa com TEA, desde a avaliação, diagnóstico e até mesmo à intervenção. Sua atuação não abrange somente a linguagem receptiva e expressiva, como também todos os comportamentos comunicativos (verbais, gestuais, vocais e não-verbais), comunicação suplementar e alternativa, leitura, escrita e aprendizado, assim como o trabalho direcionado – quando necessário -às funções da respiração, sucção, mastigação, deglutição, produção motora da fala e seletividade alimentar, além de outros distúrbios alimentares pediátricos que possam estar associados ao TEA. O desenvolvimento da fala é um ponto que pode interferir na comunicação, então, ela deve ser trabalhada para que não afete outras questões. Para isso, o Fonoaudiólogo precisa se aprofundar nos estudos, passando não somente um diagnóstico, mas sim uma intervenção abrangente que promova a evolução das habilidades das pessoas com TEA.
05 fev., 2024
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição caracterizada por dificuldades nos aspectos sociais da comunicação, além de comportamentos e interesses restritos e repetitivos.  Frequentemente, pessoas com TEA têm dificuldades com a linguagem. 25% a 30% das crianças com Transtorno do Espectro Autista não conseguem utilizar a linguagem verbal para se comunicar ou utilizam um número muito restrito de palavras. Vale lembrar que a habilidade de se comunicar é fundamental, por possibilitar a interação entre as pessoas. E, dificuldades nesse processo podem gerar uma série de consequências negativas, como: alterações de comportamento; qualidade de vida ruim, com limitações de independência e autonomia; problemas no processo de alfabetização e demais habilidades acadêmicas. Por essa razão, saber como incentivar as habilidades comunicativas em crianças com TEA é tão importante. E, quando pensamos nas crianças com autismo não-verbal, esse trabalho deve considerar algumas particularidades específicas. Nesse texto, vamos conhecer um pouco mais a respeito desse universo do TEA não-verbal e algumas formas de estimular sua comunicação. O que é autismo não-verbal? É necessário ter em mente que, a maioria das crianças com TEA apresentam algum tipo de dificuldade para se comunicar e, consequentemente, no processo de aquisição da linguagem oral. No entanto, a severidade dessas dificuldades variam de forma considerável. Muitas crianças com TEA podem adquirir a linguagem durante a época pré-escolar, em torno dos cinco anos de idade. Contudo, outras falham nesse processo e permanecem não-verbais ou minimamente verbais ao longo de suas vidas. Podemos concluir, portanto, que uma criança não verbal é aquela que não utiliza a linguagem oral e a fala para se comunicar e uma criança minimamente verbal faz uso de um número restrito de palavras. Mas atenção: a ausência da fala ou da linguagem oral não representa necessariamente a ausência de compreensão. É possível que muitas dessas crianças compreendam o que é falado por outras pessoas — mesmo com algumas dificuldades — mas que não sejam capazes de se expressar de forma verbal. Assim, nem mesmo crianças com TEA não verbais serão iguais, pois existem variações que devem ser consideradas durante a intervenção. Quais são os sintomas do autismo não-verbal? Muitos estudos buscam responder a essa pergunta: o que acontece de diferente no desenvolvimento de crianças com TEA que permanecem não verbais ao longo da vida? O que se sabe até agora é que o desenvolvimento de habilidades cognitivas não-verbais, como as motoras, por exemplo, — além do uso de gestos e da habilidade de imitação — são preditores para o desenvolvimento da linguagem de qualquer criança. No entanto, em crianças com TEA não-verbal, essas habilidades parecem estar prejudicadas, o que significa que boa parte delas tendem a: falhar em imitar os outros; ter dificuldades na utilização de gestos com fins comunicativos e em outras áreas do desenvolvimento. É importante lembrar que boa parte de qualquer aprendizado depende da imitação e, caso ela esteja alterada, o aprendizado também estará. Além disso, a atenção compartilhada tem ganhado destaque quando pensamos naquilo que é necessário para aprender. Ela pode ser definida como a habilidade de responder a interações sociais, iniciar a interação com outras pessoas e coordenar essas duas habilidades. Assim, a tendência é que essas crianças: geralmente preferem brincar sozinhas; têm muita dificuldade para compartilhar atenção; não se engajam em atividades que dependem de trocas e interação. Em outras situações, essas crianças podem apresentar diagnósticos associados, como é o caso dos transtornos motores de fala. Reforçando mais uma vez que cada criança é única e todas as características podem ser variáveis. Autistas não-verbais podem falar? Para responder essa pergunta, é preciso conhecer os termos linguagem, comunicação e fala e o que significa cada um deles. A linguagem pode ser entendida como um sistema complexo de símbolos utilizado em vários modelos de pensamento e comunicação, estruturada por meio de sons, palavras e frases organizados a partir das regras de uma língua. Já a comunicação representa a forma como cada um de nós recebe e expressa uma mensagem, tendo papel social fundamental. Por fim, a fala representa uma das formas de expressão da linguagem. Ela acontece a partir de gestos e movimentos orais que resultam em sons e, ao serem combinados, formam palavras e frases. Mesmo com toda a estimulação possível, muitas crianças não-verbais não desenvolvem a fala. Algumas podem passar a utilizar palavras simples para se comunicar, mas não conseguem formar uma comunicação plena por esse meio. Porém, grande parte dessas crianças podem aprender outras formas de comunicação. Veja a seguir! Quais técnicas podem ser usadas para incentivar as habilidades comunicativas em TEA? Em primeiro lugar, é necessária a intervenção precoce . Quanto antes uma criança começar a ser estimulada, maiores serão as chances de que ela venha a desenvolver a linguagem e se comunique por meio da fala. Contudo, mesmo nos casos onde a linguagem oral não é possível, é na intervenção precoce que a criança começa a desenvolver habilidades de imitação e atenção compartilhada, fundamentais para qualquer tipo de aprendizado. No processo de intervenção, pode ser utilizada uma série de técnicas, com diversos objetivos, podendo ser: o desenvolvimento da linguagem oral ou a fala; ensinar a criança outras formas de comunicação (comunicação alternativa); a combinação desses dois objetivos. A seguir, confira as técnicas mais utilizadas para incentivar as habilidades comunicativas em TEA. Comunicação Alternativa Ampliada (CAA) Antes de entender como funcionam essas técnicas e recursos, é preciso lembrar que a Comunicação Alternativa Ampliada representa uma alternativa à comunicação oral, como: uso de gestos; língua de sinais; expressões faciais; pranchas de alfabeto; símbolos pictográficos. Ela pode ser muito útil para crianças com TEA, porque torna a comunicação mais concreta e visual. O uso desse tipo de técnica pode, inclusive, ajudar no desenvolvimento da linguagem oral. Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS) O Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS) é, atualmente, um dos sistemas de CAA mais conhecidos e utilizados. Ele tem como objetivo ensinar a comunicação funcional a partir do uso de pictogramas e pranchas, nas quais a criança tem a possibilidade de selecionar aquilo que gostaria de dizer. Essa técnica possibilita uma comunicação ampla, que vai desde o uso de palavras até a construção de narrativas. Vale lembrar que o PECS necessita de uma formação específica para sua aplicação. Aplicativos para autismo não-verbal Atualmente, muitos aplicativos (pagos ou gratuitos) que auxiliam no processo de comunicação estão disponíveis. Eles podem partir do princípio do uso de pictogramas ou figuras que, combinados, comunicarão uma mensagem, até o uso de palavras escritas — no caso de crianças alfabetizadas. A grande vantagem dos aplicativos é que eles permitem que a criança tenha em mãos um vocabulário muito maior sem que isso ocupe um espaço físico, como acontece nas pranchas convencionais. Além disso, torna o processo mais rápido e dinâmico. Outro diferencial desse tipo de sistema é a possibilidade da utilização de recursos de voz, que fazem a leitura das figuras ou palavras selecionadas pela criança, facilitando a comunicação com outras pessoas. O que pode ser feito além das técnicas citadas Além das técnicas citadas, a criança deve receber toda a estimulação necessária que a possibilite aprender a utilizar esses recursos. Assim como falamos da atenção e da imitação, outras habilidades precisam ser desenvolvidas para que a criança tenha intenção de se comunicar. Uma dica: quando houver associação entre o TEA e algum dos tipos de transtornos motores de fala, é imprescindível que a criança seja exposta a uma intervenção especializada para ter condições de desenvolver habilidades de fala. Qual o papel do fonoaudiólogo na intervenção do autismo não-verbal? O fonoaudiólogo tem papel indispensável, desde a etapa de intervenção precoce , até a seleção das técnicas mais adequadas para o desenvolvimento da comunicação e seu treino com a criança. Mas, para se ter sucesso, o profissional deve ser especializado e ter domínio teórico-prático das questões relacionadas ao TEA e as técnicas de intervenção. Gostou do post? Continue se aprofundando no assunto em nosso blog ! Referência: BRIGNELL, Amanda et al. Communication interventions for autism spectrum disorder in minimally verbal children. Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 11, 2018.

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12 abr., 2024
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é considerado uma síndrome comportamental que afeta o desempenho social, o comportamento e a comunicação. Embora ainda não se saiba exatamente qual é a sua origem ou causa, estudos sugerem a presença de fatores genéticos e neurobiológicos que podem estar associados a essa condição. O TEA tem maior incidência no sexo masculino em uma proporção de 4,2 nascimentos para cada um do sexo feminino, sendo a prevalência total estimada em um em cada 88 nascimentos, colocando o TEA entre os transtornos do desenvolvimento mais comuns. Ao longo do tempo, a classificação e critérios diagnósticos para o TEA são modificados conforme avançamos na compreensão acerca desse tema. Na mais recente atualização, realizada em 2013, disponível no DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, sigla em inglês para Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), o TEA passou a ser descrito como espectros de características que variam em grau de manifestação, sendo considerado então um quadro que pode variar muito de indivíduo para indivíduo. Independentemente do grau de comprometimento, esse manual determina uma díade diagnóstica, ou seja, aspectos que necessariamente precisam estar alterados em quadros de TEA e que corresponde ao prejuízo nas habilidades de interação social e comunicação e à presença de comportamentos, interesses e atividades estereotipados. Podemos perceber que a comunicação e a linguagem da pessoa com TEA são aspectos que merecem atenção. Seja com maior ou menor comprometimento, prejuízos na linguagem e comunicação são parte desse quadro. Considerando a linguagem como tudo aquilo que nos torna seres capazes interagir, expressar desejos, sentimentos e pensamentos, qualquer alteração que prejudique essas habilidades terão grande impacto no desenvolvimento e qualidade de vida de qualquer pessoa. Neste texto, vamos abordar as principais características relacionadas à linguagem no TEA. Confira! A linguagem e seu desenvolvimento A linguagem é uma habilidade exclusiva da espécie humana, que permite a cada indivíduo representar e expressar suas experiências de vida, pensamentos, desejos e dúvidas, além de ser uma ferramenta indispensável no processo de aquisição, produção e transmissão do conhecimento. A linguagem vai além da fala, estando presente nos: gestos; comportamentos; expressões faciais; forma como interagimos com as outras pessoas. Essa habilidade é desenvolvida e aprimorada ao longo da vida, mas, principalmente nas etapas iniciais do desenvolvimento nas quais as crianças têm ampla capacidade de adquirir e aprender novas habilidades. Esse processo acontece naturalmente durante a interação das crianças com seus pares, mas estão condicionadas à algumas habilidades da própria criança. No caso de crianças com TEA, o desenvolvimento das habilidades de linguagem e comunicação é prejudicado e pode estar alterado de formas variáveis. Na próxima sessão, vamos entender quais características podem ser observadas nesse contexto. Acompanhe! A linguagem no TEA A linguagem em pessoas com TEA pode estar alterada de diferentes formas, variando no grau de comprometimento, e podem ser observadas em todos os aspectos da comunicação. Nesse espectro, vamos observar tanto crianças que não se comunicam por meio da fala, como aquelas que apesar de conseguir elaborar um discurso, tem dificuldade em lidar com regras sociais tornando a comunicação pouco funcional. Crianças com TEA podem apresentar dificuldade no desenvolvimento de fala e linguagem, por vezes demoram para começar a falar e, quando isso acontece, a linguagem pode ser utilizada de forma pouco funcional, apresentando ausência ou redução da fala espontânea, mesmo em situações de interação. Além disso, podem ser observadas: uso inadequados de pronomes possibilidade da ocorrência de ecolalias . uso de gestos e expressões faciais é prejudicado; alteração no ritmo da fala, o que pode torná-la monótona ou robótica; dificuldades na elaboração de frases e no emprego de estruturas gramaticais complexas.  Outras habilidades, como a de atenção, podem estar alteradas e se refletem na comunicação, pois prejudicam a interação da pessoa com TEA com os demais. Aliás, as dificuldades sociais representam uma barreira importante à comunicação. Pessoas com TEA tendem a ter dificuldade em estabelecer relações fundamentais ao diálogo com as outras pessoas, como: iniciar e manter uma conversa; trocar turnos durante a comunicação; se atém ao significado das palavras de forma rígida; adequar sua fala ao contexto e ao interesse do seu interlocutor; dificuldade de compreender conceitos abstratos, ironias e figuras de linguagem. Portanto, existe a dificuldade de simbolização, que pode, inclusive, ser observada na brincadeira da criança com TEA que tende a ser menos estruturada. Por se tratar de uma alteração comportamental, o diagnóstico nos casos de TEA é realizado com base na observação dessas e outras características descritas no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) . Portanto, não existem exames, como os de imagem, capazes de auxiliar nesse diagnóstico até o momento. Quanto antes for feito o diagnóstico, ou pelo menos, for identificado o risco para autismo, melhor! A identificação precoce possibilita a intervenção precoce e ela fará toda a diferença na evolução dessas crianças. Importância da intervenção precoce nos casos de TEA O nosso cérebro é formado por uma rede de circuitos responsável por conduzir informações e permitir a realização de qualquer tarefa ou habilidade. Essa rede formada a partir da conexão dos neurônios é responsável pelo desenvolvimento e uso da linguagem. Com o passar do tempo, o cérebro reconhece quais dessas conexões são utilizadas com maior frequência e oferece uma espécie de reforço. Por outro lado, aquelas conexões que não estão sendo usadas são desativadas, a esse mecanismo de exclusão damos o nome de poda neural. Embora o “corte” aconteça diversas vezes ao longo da vida, ocorre de forma intensa até os 3 anos, que faz com que esse período inicial na vida de qualquer criança seja fundamental no estabelecimento de conexões que possibilitarão o desenvolvimento de habilidades, como a linguagem. Nesse sentido, fica fácil compreender porque a estimulação precoce é importante nos casos de TEA! Não significa que crianças maiores não vão apresentar evolução significativa, mas iniciar o acompanhamento adequado tão logo se identifique uma suspeita ou risco para o TEA pode tornar a evolução mais rápida e eficiente. Importância da tríade família, escola e profissionais da reabilitação no sucesso da intervenção em linguagem no TEA O trabalho de intervenção voltado às pessoas com TEA envolve a participação de uma série de profissionais que favorecem o desenvolvimento de ampla variedade de habilidades: fonoaudiólogo: se dedicará à intervenção voltada ao desenvolvimento de linguagem e habilidades comunicativas; psicólogo: é o profissional responsável por trabalhar o comportamento da criança, sendo fundamental no manejo com os pais; terapeuta ocupacional: além de trabalhar aspectos sensoriais que podem estar alterados, favorecerá o desenvolvimento de habilidades de vida diária, permitindo à pessoa com TEA maior nível de independência. Além dos citados, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e assistentes sociais podem estar envolvidos nesse processo de intervenção. Contudo, vale a pensa lembrar que mesmo nos casos em que a criança realiza a intervenção de forma intensiva, durante muitas horas, o que nem sempre é uma realidade no nosso país, ela passará o maior tempo do seu dia em casa, com os pais e na escola. Por essa razão, a intervenção em casos de TEA só atingirá a máxima eficiência quando os profissionais na reabilitação da pessoa com TEA trabalharem em conjunto com professores, pais e cuidadores. Dessa forma, tudo o que for realizado no consultório pode ser usado nos demais contextos em que a criança está inserida. E, para você que deseja conhecer mais sobre esse assunto, a TK preparou um curso teórico e prático completo sobre o tema: Como Intervir nas Ecolalias e Estereotipias Verbais. Esse curso apresenta versões para pais , educadores e fonoaudiólogos justamente visando fortalecer a rede de cuidado no TEA! Referências: AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2013. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo. Brasília, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_reabilitacao_pessoa_autismo.pdf

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12 abr., 2024
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é considerado uma síndrome comportamental que afeta o desempenho social, o comportamento e a comunicação. Embora ainda não se saiba exatamente qual é a sua origem ou causa, estudos sugerem a presença de fatores genéticos e neurobiológicos que podem estar associados a essa condição. O TEA tem maior incidência no sexo masculino em uma proporção de 4,2 nascimentos para cada um do sexo feminino, sendo a prevalência total estimada em um em cada 88 nascimentos, colocando o TEA entre os transtornos do desenvolvimento mais comuns. Ao longo do tempo, a classificação e critérios diagnósticos para o TEA são modificados conforme avançamos na compreensão acerca desse tema. Na mais recente atualização, realizada em 2013, disponível no DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, sigla em inglês para Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), o TEA passou a ser descrito como espectros de características que variam em grau de manifestação, sendo considerado então um quadro que pode variar muito de indivíduo para indivíduo. Independentemente do grau de comprometimento, esse manual determina uma díade diagnóstica, ou seja, aspectos que necessariamente precisam estar alterados em quadros de TEA e que corresponde ao prejuízo nas habilidades de interação social e comunicação e à presença de comportamentos, interesses e atividades estereotipados. Podemos perceber que a comunicação e a linguagem da pessoa com TEA são aspectos que merecem atenção. Seja com maior ou menor comprometimento, prejuízos na linguagem e comunicação são parte desse quadro. Considerando a linguagem como tudo aquilo que nos torna seres capazes interagir, expressar desejos, sentimentos e pensamentos, qualquer alteração que prejudique essas habilidades terão grande impacto no desenvolvimento e qualidade de vida de qualquer pessoa. Neste texto, vamos abordar as principais características relacionadas à linguagem no TEA. Confira! A linguagem e seu desenvolvimento A linguagem é uma habilidade exclusiva da espécie humana, que permite a cada indivíduo representar e expressar suas experiências de vida, pensamentos, desejos e dúvidas, além de ser uma ferramenta indispensável no processo de aquisição, produção e transmissão do conhecimento. A linguagem vai além da fala, estando presente nos: gestos; comportamentos; expressões faciais; forma como interagimos com as outras pessoas. Essa habilidade é desenvolvida e aprimorada ao longo da vida, mas, principalmente nas etapas iniciais do desenvolvimento nas quais as crianças têm ampla capacidade de adquirir e aprender novas habilidades. Esse processo acontece naturalmente durante a interação das crianças com seus pares, mas estão condicionadas à algumas habilidades da própria criança. No caso de crianças com TEA, o desenvolvimento das habilidades de linguagem e comunicação é prejudicado e pode estar alterado de formas variáveis. Na próxima sessão, vamos entender quais características podem ser observadas nesse contexto. Acompanhe! A linguagem no TEA A linguagem em pessoas com TEA pode estar alterada de diferentes formas, variando no grau de comprometimento, e podem ser observadas em todos os aspectos da comunicação. Nesse espectro, vamos observar tanto crianças que não se comunicam por meio da fala, como aquelas que apesar de conseguir elaborar um discurso, tem dificuldade em lidar com regras sociais tornando a comunicação pouco funcional. Crianças com TEA podem apresentar dificuldade no desenvolvimento de fala e linguagem, por vezes demoram para começar a falar e, quando isso acontece, a linguagem pode ser utilizada de forma pouco funcional, apresentando ausência ou redução da fala espontânea, mesmo em situações de interação. Além disso, podem ser observadas: uso inadequados de pronomes possibilidade da ocorrência de ecolalias . uso de gestos e expressões faciais é prejudicado; alteração no ritmo da fala, o que pode torná-la monótona ou robótica; dificuldades na elaboração de frases e no emprego de estruturas gramaticais complexas.  Outras habilidades, como a de atenção, podem estar alteradas e se refletem na comunicação, pois prejudicam a interação da pessoa com TEA com os demais. Aliás, as dificuldades sociais representam uma barreira importante à comunicação. Pessoas com TEA tendem a ter dificuldade em estabelecer relações fundamentais ao diálogo com as outras pessoas, como: iniciar e manter uma conversa; trocar turnos durante a comunicação; se atém ao significado das palavras de forma rígida; adequar sua fala ao contexto e ao interesse do seu interlocutor; dificuldade de compreender conceitos abstratos, ironias e figuras de linguagem. Portanto, existe a dificuldade de simbolização, que pode, inclusive, ser observada na brincadeira da criança com TEA que tende a ser menos estruturada. Por se tratar de uma alteração comportamental, o diagnóstico nos casos de TEA é realizado com base na observação dessas e outras características descritas no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) . Portanto, não existem exames, como os de imagem, capazes de auxiliar nesse diagnóstico até o momento. Quanto antes for feito o diagnóstico, ou pelo menos, for identificado o risco para autismo, melhor! A identificação precoce possibilita a intervenção precoce e ela fará toda a diferença na evolução dessas crianças. Importância da intervenção precoce nos casos de TEA O nosso cérebro é formado por uma rede de circuitos responsável por conduzir informações e permitir a realização de qualquer tarefa ou habilidade. Essa rede formada a partir da conexão dos neurônios é responsável pelo desenvolvimento e uso da linguagem. Com o passar do tempo, o cérebro reconhece quais dessas conexões são utilizadas com maior frequência e oferece uma espécie de reforço. Por outro lado, aquelas conexões que não estão sendo usadas são desativadas, a esse mecanismo de exclusão damos o nome de poda neural. Embora o “corte” aconteça diversas vezes ao longo da vida, ocorre de forma intensa até os 3 anos, que faz com que esse período inicial na vida de qualquer criança seja fundamental no estabelecimento de conexões que possibilitarão o desenvolvimento de habilidades, como a linguagem. Nesse sentido, fica fácil compreender porque a estimulação precoce é importante nos casos de TEA! Não significa que crianças maiores não vão apresentar evolução significativa, mas iniciar o acompanhamento adequado tão logo se identifique uma suspeita ou risco para o TEA pode tornar a evolução mais rápida e eficiente. Importância da tríade família, escola e profissionais da reabilitação no sucesso da intervenção em linguagem no TEA O trabalho de intervenção voltado às pessoas com TEA envolve a participação de uma série de profissionais que favorecem o desenvolvimento de ampla variedade de habilidades: fonoaudiólogo: se dedicará à intervenção voltada ao desenvolvimento de linguagem e habilidades comunicativas; psicólogo: é o profissional responsável por trabalhar o comportamento da criança, sendo fundamental no manejo com os pais; terapeuta ocupacional: além de trabalhar aspectos sensoriais que podem estar alterados, favorecerá o desenvolvimento de habilidades de vida diária, permitindo à pessoa com TEA maior nível de independência. Além dos citados, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e assistentes sociais podem estar envolvidos nesse processo de intervenção. Contudo, vale a pensa lembrar que mesmo nos casos em que a criança realiza a intervenção de forma intensiva, durante muitas horas, o que nem sempre é uma realidade no nosso país, ela passará o maior tempo do seu dia em casa, com os pais e na escola. Por essa razão, a intervenção em casos de TEA só atingirá a máxima eficiência quando os profissionais na reabilitação da pessoa com TEA trabalharem em conjunto com professores, pais e cuidadores. Dessa forma, tudo o que for realizado no consultório pode ser usado nos demais contextos em que a criança está inserida. E, para você que deseja conhecer mais sobre esse assunto, a TK preparou um curso teórico e prático completo sobre o tema: Como Intervir nas Ecolalias e Estereotipias Verbais. Esse curso apresenta versões para pais , educadores e fonoaudiólogos justamente visando fortalecer a rede de cuidado no TEA! Referências: AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-V). Arlington, VA: American Psychiatric Association, 2013. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo. Brasília, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_reabilitacao_pessoa_autismo.pdf
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22 mar., 2024
Nos últimos anos, ouvimos falar sobre o Transtorno do Espectro do Autismo com muito mais frequência. Isso tem acontecido como consequência do crescimento, em números, de pessoas diagnosticadas com TEA — mas não é só isso.  Houve também, nos últimos anos, um avanço significativo nos estudos que buscam entender o que é o TEA e seus critérios diagnósticos, com evidências crescentes da importância da intervenção precoce e especializada. Isso significa que muita gente resolveu estudar a fundo esse quadro, compreendendo além de suas características e manifestações, ou seja: o que está por trás das características; como crianças com TEA aprendem, processam as informações e respondem a essas informações; e mais. Esse tipo de pesquisa nunca se esgota e, a cada dia, nos deparamos com novas informações sobre o autismo. Entretanto, até aqui elas já foram e são muito úteis para auxiliar na construção de métodos e modelos de intervenção específicos para pessoas com TEA. Você já deve ter ouvido falar sobre alguns desses métodos, e talvez tenha se perguntado o que cada um tem de tão especial ou, por qual razão, crianças com TEA se beneficiam mais de certo modelo de intervenção. Pensando nisso, nesse artigo explicaremos sobre a Análise do Comportamento Aplicada e sua contribuição para pessoas com TEA. Acompanhe a leitura! O que é ABA? A Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analysis — ABA) é uma ciência que se baseia no estudo, análise e intervenção em comportamentos socialmente relevantes para os indivíduos. Ela tem dois principais objetivos: ampliação do repertório comportamental ou ensino de novas habilidades; redução da frequência e/ou intensidade de comportamentos indesejáveis, ou pouco adaptativos. Segundo a ABA, os comportamentos são desencadeados por eventos específicos e mantidos, ou não, pelas consequências geradas a partir deles. Portanto, envolve a avaliação detalhada de antecedentes, condutas e consequências diretamente relacionados aos aprendizados da criança. Assim, ao mapear suas áreas de déficit de comportamento, é possível direcionar um plano de ensino de habilidades necessárias e adequadas à criança. A aplicação da ABA pode ser realizada em diferentes populações e locais, como no caso de escolas e empresas. Entretanto, é mais frequente que ela esteja associada à intervenção de pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo, e isso acontece em decorrência do alto número de estudos que comprovam sua eficácia com essa população. A Análise do Comportamento Aplicada, conforme já dissemos aqui, envolve: avaliação detalhada da criança e suas habilidades; definição de objetivos terapêuticos; descrição dos procedimentos realizados; registro das respostas da criança; estratégias que envolvam a generalização das habilidades adquiridas na intervenção para outros ambientes. Esse tipo de intervenção envolve, ainda, um número alto de horas semanais, além do trabalho de uma equipe de profissionais capacitados. Progressos para crianças com TEA Para que uma criança com TEA aprenda e desenvolva todas as suas habilidades, é fundamental que ela inicie, o mais precocemente possível, um tratamento especializado. Nesse contexto, a intervenção a partir da Análise do Comportamento Aplicada, pode ser considerada uma das principais opções. Quando expostas à ABA, desde que aplicada por uma equipe capacitada, a criança terá muitos progressos como: ampliar a capacidade cognitiva, motora, de linguagem e de integração social; desenvolver e aperfeiçoar as habilidades da criança, valorizando sua identidade; se relacionar melhor na casa de familiares, escola, restaurantes ou qualquer outro lugar; aprender novas habilidades e “eliminar” comportamentos negativos, como reações agressivas, crises e estereotipias. O conjunto dessas habilidades torna a criança e, futuramente, o adulto com TEA muito mais independente, ampliando suas possibilidades. Conclusão Para compreender a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e conseguir aplicar seus princípios na intervenção de crianças com TEA ou outros diagnósticos, é necessário muito estudo. Ela pode até parecer simples, mas se trata de uma ciência bastante complexa. Sendo assim, é fundamental que os profissionais da saúde que já utilizem ou que gostariam de utilizar os princípios da ABA na sua prática clínica se mantenham em constante aprimoramento , buscando por cursos e certificações que forneçam os subsídios teóricos e práticos indispensáveis para o sucesso na prática clínica. Para isso, a TK EaD oferece diversos treinamentos focados em TEA na área da Fonoaudiologia. Confira os cursos aqui!
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22 mar., 2024
Quem nunca teve um momento de troca de olhares e expressões com alguém e entendeu exatamente o que essa pessoa quis dizer? Isso é muito comum e faz parte do nosso dia a dia. No entanto, para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa forma de comunicação não é tão simples. Além das dificuldades sociais, os autistas também enfrentam o desafio de transmitir seus sentimentos por meio de expressões faciais, sejam eles de felicidade, dor ou tristeza. Eles são capazes de compreender emoções como qualquer outra pessoa e também têm uma ampla gama de emoções. A diferença está na maneira como cada um deles transmite essas mensagens sobre seus sentimentos. Por isso, é crucial que pais, responsáveis e profissionais da saúde estejam atentos e saibam diagnosticar e ajudar no desenvolvimento da comunicação de indivíduos com TEA. Entendendo as expressões faciais As pessoas com TEA enfrentam desafios significativos na compreensão de uma linguagem indireta, como a ironia ou figuras de linguagem. Além disso, expressões faciais também representam um obstáculo para eles. Gestos, posturas, contato visual e tom de voz são alguns dos aspectos que tornam a comunicação ainda mais complexa para os autistas. Outro ponto crucial a ser abordado é a forma como eles se expressam, pois transmitir seus sentimentos pode ser difícil quando já é complicado entender o próximo. Muitas vezes, suas expressões podem não estar relacionadas aos sentimentos que estamos acostumados a associar. Portanto, é fundamental trabalhar esse aspecto nos TEAs, em colaboração com profissionais e pais, que podem implementar exercícios diários para auxiliar em seu desenvolvimento. Uma maneira de iniciar esse processo é ensinar desde a infância a aceitar e reconhecer os sentimentos, demonstrando que eles são algo comum e associando cada emoção ao desconforto que ela pode gerar. A conversa desempenha um papel fundamental nesse processo, sendo um dos primeiros passos essenciais. Por que desenvolver o socioemocional nos TEA? Iniciar uma intervenção para desenvolver as habilidades socioemocionais em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é crucial desde a infância. Isso ocorre porque, na vida adulta, essa dificuldade pode se tornar um obstáculo ainda maior para a convivência em sociedade. A falta dessas habilidades de compreensão das emoções pode resultar em ansiedade, ataques de pânico, baixa interatividade e falta de tolerância. Os impactos dessas dificuldades podem ser significativos e levar a uma vida repleta de desafios adicionais. Como ajudar os TEA a reconhecer as expressões faciais? Ao consultar um profissional capacitado, como Fonoaudiólogos, é possível desenvolver habilidades nos autistas por meio de atividades diárias. Algumas sugestões incluem: Trabalhar com cartões, quadros e imagens que representem expressões faciais. Realizar jogos de imitação. Estimular a prática de desenho. Incentivar a autonomia para promover senso de responsabilidade.  É importante ressaltar que os responsáveis devem incorporar essas atividades na rotina da criança com TEA, integrando-as em diferentes momentos do dia. Especialize-se no assunto Faça parte do desenvolvimento dos TEAs! Ao fazer um curso de especialização, você contribui para uma atuação mais precisa na área e pode sugerir uma intervenção ainda mais eficaz. Conheça o Curso Teórico-Prático de aulas gravadas da TK EAD . O Treino de Habilidades Pragmáticas e Reconhecimento de Emoções permitirá ao Fonoaudiólogo uma atuação ainda mais abrangente. Clique aqui e inscreva-se!
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15 fev., 2024
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05 fev., 2024
Se você chegou até aqui, é porque, por alguma razão, tem interesse em saber mais sobre o autismo.  Vale lembrar que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que apresenta como principais manifestações: Desenvolvimento atípico. Repertório restrito de interesses. Déficits na comunicação e na interação social. Padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados. Nos últimos anos, acompanhamos um crescimento significativo no número de crianças diagnosticadas com TEA. Isso se deve, em parte, ao avanço científico nessa área, permitindo a definição de critérios diagnósticos que auxiliam na identificação até dos quadros mais leves. No TEA, os níveis de comprometimento e manifestação são variáveis. A própria nomenclatura já nos diz que se trata de um espectro, logo, apresenta diferentes níveis ou graus de comprometimento, mesmo com características comuns. Neste texto, explicaremos como essa classificação é feita atualmente e quais são os desafios na intervenção fonoaudiológica nos diversos graus de autismo. Continue lendo! Classificação do Transtorno do Espectro do Autismo Não é de hoje que a ideia de se classificar o TEA em graus existe. Na verdade, ela vem sendo desenvolvida e aprimorada há muitos anos, com base em avanços científicos na área. Existe um manual para que profissionais compreendam os termos e classificações referentes ao TEA e a outros transtornos: o DSM – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. De tempos em tempos, ele é atualizado por profissionais e pesquisadores das mais diversas áreas . Assim, após anos de discussão e estudos, surgem novos consensos a respeito dos critérios diagnósticos que melhor se aplicam a cada uma das patologias. Em relação ao TEA, acompanhamos uma mudança muito importante entre o DSM-IV (1994) e o DSM-V (2013). Provavelmente, você já deve ter ouvido falar na Síndrome de Asperger, não é? Essa nomenclatura era proposta pelo DSM-IV para se referir às pessoas com níveis mais leves de TEA. Outros nomes eram utilizados para se referir a outras condições relacionadas ao autismo, como: autismo infantil; Transtorno Desintegrativo da Infância; Transtorno Invasivo de Desenvolvimento Sem Outra Especificação. Com o lançamento do DSM-V, uma nova forma de classificação passou a ser utilizada. A partir dele, o autismo passou a ser conhecido como Transtorno do Espectro do Autismo, e os graus foram definidos a partir dos níveis de apoio ou suporte que a pessoa com TEA deve receber. Vamos ver como ficou: Nível 1: Leve — necessidade de pouco apoio Pessoas com esse nível apresentarão dificuldades no que diz respeito à interação e comunicação social, mas não necessitam de tanto apoio. Ademais, terão dificuldades para estabelecer relações sociais e respostas atípicas às mais diversas situações, além de interesses restritos. Essas pessoas podem ter bom desempenho acadêmico e profissional, desde que recebam o suporte necessário, apesar de apresentarem dificuldades no que se refere a: organização; autocuidado; planejamento de tarefas. Crianças no nível 1 podem ter muita dificuldade no processo de aquisição de fala, linguagem e socialização com outras crianças, portanto a intervenção precoce nestes casos é indispensável. Nível 2: Moderado — necessidade moderada de apoio Pessoas com nível moderado de TEA necessitarão de maior apoio para o desenvolvimento de habilidades de interação e comunicação social. A comunicação não verbal está muito comprometida, assim como o comportamento, que tende a estar mais alterado com: padrões restritos e repetitivos dificuldades crescentes no planejamento de tarefas e adaptação a diferentes estímulos. Portanto, para que pessoas com esse nível de TEA possam desenvolver suas potencialidades, o suporte fornecido deve ser maior e iniciado de forma precoce. Nível 3: Severo — muita necessidade de apoio substancial Aqui temos pessoas que necessitarão de muito suporte para tarefas mais simples do dia a dia, como as de autocuidado. A interação social é muito restrita e, com relação à comunicação, aqui são incluídos muitos dos casos não verbais — que não chegam a desenvolver a comunicação por meio da fala. As alterações de comportamento são limitantes e a necessidade de suporte é quase total. Desafios da fonoaudiologia na intervenção do autismo Como podemos perceber, embora tenham origem em características comuns, os graus de manifestação são bastante variáveis no TEA, representando um grande desafio para o diagnóstico e intervenção com essas crianças. Nesse contexto, o fonoaudiólogo deverá compor uma equipe de profissionais que atua em todo esse processo e, de preferência, de forma precoce. Mas vale a pena lembrar: somente um profissional capacitado e especializado saberá explorar todas as habilidades da criança de modo a favorecer sua independência e autonomia. Para isso, ele deve saber: selecionar a melhor forma de avaliação para chegar aos objetivos da intervenção; saber selecionar o melhor método de intervenção, adaptado a cada criança e etapa do seu desenvolvimento; orientar a família e desenvolver um trabalho paralelo com a escola e demais profissionais atuantes no caso. Se você quer ser esse profissional, venha conhecer os cursos da TK sobre o assunto! Temos uma formação mais do que completa que ajudará a compreender esse diagnóstico e te preparar para atuar com ele.
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05 fev., 2024
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que pode se manifestar nas habilidades comunicativas e sociais Muitas pessoas pensam que é uma doença, porém essa classificação é equivocada e gera estereótipos que colaboram para o preconceito contra pessoas autistas. Muitas especulações e mitos se formaram devido a padrões de comportamento e visão deturpada do TEA, mas é preciso ter em mente que cada pessoa possui sua particularidade e isso não é diferente no caso de pessoas com autismo. Na realidade, esse transtorno é mais comum do que imaginado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2 e 4 milhões de indivíduos brasileiros são autistas. No entanto, muitos não sabem dessa condição, tornando difícil uma métrica exata. +Graus de autismo: desafios na intervenção fonoaudiológica Listamos mitos e verdades sobre o autismo com o objetivo de esclarecer as condições do transtorno e colaborar com a redução de preconceitos. Continue a leitura:  Pessoas com autismo tendem a ser agressivas Mito! Pessoas com autismo podem ou não exibir comportamentos agressivos, tanto autoagressivos (agredir a si mesmo) ou hetero-agessivos (agredir ao outro). Vários fatores podem contribuir para manifestação de comportamentos agressivos, desde crises de desregulação sensorial (quando os estímulos sensoriais estão sobrecarregando a pessoa com autismo), dificuldade para expressar algo que desejem (Ex: que não está querendo que alguém se aproxime, ou o toque, etc), até outros fatores ligados à mudanças de rotinas, alterações de humor devido à privação de sono, ajustes de medicação que possam ocorrer no momento. O importante é sempre entender e buscar a causa desse comportamento se manifestar para juntos – profissionais e família – encontrarem um manejo adequado a esse comportamento. Autistas não conseguem manter contato visual Mito. Manter o contato visual envolve dificuldades de socialização, que também é um desafio enfrentado por pessoas com TEA. No entanto, elas podem sim manter o contato visual, desde que as intervenções sejam direcionadas para estimular essa habilidade de forma natural e espontânea em contextos interativos. Elas podem ter dificuldades, mas podem desenvolver essa habilidade. Este fator pode ser desenvolvido com a assistência de profissionais adequados. +A importância das expressões faciais no TEA Todas as pessoas com autismo têm o mesmo comportamento Mito. Como já discutimos em tópicos anteriores, cada indivíduo com autismo tem suas próprias características e comportamentos. Alguns podem exibir comportamentos semelhantes, enquanto outros podem ter comportamentos diferentes e únicos em comparação com qualquer outra pessoa com TEA. Toda pessoa com TEA tem inteligência acima da média Mito. Acreditar que todas as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm inteligência acima da média é um equívoco. Embora isso possa ser verdade em alguns casos de autismo, também é possível desenvolver dificuldades de aprendizado, deficiências nas funções executivas e déficits intelectuais. Apenas uma avaliação multidisciplinar completa pode auxiliar no diagnóstico do TEA juntamente com outras condições associadas. Podem apresentar fala desorganizada Mito. Pessoas com TEA podem ter dificuldades de linguagem e fala, mas os critérios diagnósticos importantes são dificuldades na comunicação e interação social. Apenas um fonoaudiólogo qualificado e especializado pode diagnosticar as alterações de fala e linguagem em uma pessoa com TEA. Ecolalias não são falas disfuncionais nem desorganizadas, o que é um mito. Essas características requerem a assistência de um fonoaudiólogo. +10 sinais de alterações motoras da fala e quando procurar um fonoaudiólogo A intervenção é multidisciplinar Verdade! Pessoas com TEA necessitam de acompanhamento multidisciplinar de profissionais de várias áreas, como: médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, pedagogos, psicopedagogos, auxiliares terapêuticos devidamente capacitados, entre outros. Tudo depende da necessidade do indivíduo. +Como usar o reforço positivo em crianças com autismo? Fonoaudiologia e TEA O Fonoaudiólogo deve fazer parte da equipe de profissionais que acompanham a pessoa com TEA, desde a avaliação, diagnóstico e até mesmo à intervenção. Sua atuação não abrange somente a linguagem receptiva e expressiva, como também todos os comportamentos comunicativos (verbais, gestuais, vocais e não-verbais), comunicação suplementar e alternativa, leitura, escrita e aprendizado, assim como o trabalho direcionado – quando necessário -às funções da respiração, sucção, mastigação, deglutição, produção motora da fala e seletividade alimentar, além de outros distúrbios alimentares pediátricos que possam estar associados ao TEA. O desenvolvimento da fala é um ponto que pode interferir na comunicação, então, ela deve ser trabalhada para que não afete outras questões. Para isso, o Fonoaudiólogo precisa se aprofundar nos estudos, passando não somente um diagnóstico, mas sim uma intervenção abrangente que promova a evolução das habilidades das pessoas com TEA.
05 fev., 2024
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição caracterizada por dificuldades nos aspectos sociais da comunicação, além de comportamentos e interesses restritos e repetitivos.  Frequentemente, pessoas com TEA têm dificuldades com a linguagem. 25% a 30% das crianças com Transtorno do Espectro Autista não conseguem utilizar a linguagem verbal para se comunicar ou utilizam um número muito restrito de palavras. Vale lembrar que a habilidade de se comunicar é fundamental, por possibilitar a interação entre as pessoas. E, dificuldades nesse processo podem gerar uma série de consequências negativas, como: alterações de comportamento; qualidade de vida ruim, com limitações de independência e autonomia; problemas no processo de alfabetização e demais habilidades acadêmicas. Por essa razão, saber como incentivar as habilidades comunicativas em crianças com TEA é tão importante. E, quando pensamos nas crianças com autismo não-verbal, esse trabalho deve considerar algumas particularidades específicas. Nesse texto, vamos conhecer um pouco mais a respeito desse universo do TEA não-verbal e algumas formas de estimular sua comunicação. O que é autismo não-verbal? É necessário ter em mente que, a maioria das crianças com TEA apresentam algum tipo de dificuldade para se comunicar e, consequentemente, no processo de aquisição da linguagem oral. No entanto, a severidade dessas dificuldades variam de forma considerável. Muitas crianças com TEA podem adquirir a linguagem durante a época pré-escolar, em torno dos cinco anos de idade. Contudo, outras falham nesse processo e permanecem não-verbais ou minimamente verbais ao longo de suas vidas. Podemos concluir, portanto, que uma criança não verbal é aquela que não utiliza a linguagem oral e a fala para se comunicar e uma criança minimamente verbal faz uso de um número restrito de palavras. Mas atenção: a ausência da fala ou da linguagem oral não representa necessariamente a ausência de compreensão. É possível que muitas dessas crianças compreendam o que é falado por outras pessoas — mesmo com algumas dificuldades — mas que não sejam capazes de se expressar de forma verbal. Assim, nem mesmo crianças com TEA não verbais serão iguais, pois existem variações que devem ser consideradas durante a intervenção. Quais são os sintomas do autismo não-verbal? Muitos estudos buscam responder a essa pergunta: o que acontece de diferente no desenvolvimento de crianças com TEA que permanecem não verbais ao longo da vida? O que se sabe até agora é que o desenvolvimento de habilidades cognitivas não-verbais, como as motoras, por exemplo, — além do uso de gestos e da habilidade de imitação — são preditores para o desenvolvimento da linguagem de qualquer criança. No entanto, em crianças com TEA não-verbal, essas habilidades parecem estar prejudicadas, o que significa que boa parte delas tendem a: falhar em imitar os outros; ter dificuldades na utilização de gestos com fins comunicativos e em outras áreas do desenvolvimento. É importante lembrar que boa parte de qualquer aprendizado depende da imitação e, caso ela esteja alterada, o aprendizado também estará. Além disso, a atenção compartilhada tem ganhado destaque quando pensamos naquilo que é necessário para aprender. Ela pode ser definida como a habilidade de responder a interações sociais, iniciar a interação com outras pessoas e coordenar essas duas habilidades. Assim, a tendência é que essas crianças: geralmente preferem brincar sozinhas; têm muita dificuldade para compartilhar atenção; não se engajam em atividades que dependem de trocas e interação. Em outras situações, essas crianças podem apresentar diagnósticos associados, como é o caso dos transtornos motores de fala. Reforçando mais uma vez que cada criança é única e todas as características podem ser variáveis. Autistas não-verbais podem falar? Para responder essa pergunta, é preciso conhecer os termos linguagem, comunicação e fala e o que significa cada um deles. A linguagem pode ser entendida como um sistema complexo de símbolos utilizado em vários modelos de pensamento e comunicação, estruturada por meio de sons, palavras e frases organizados a partir das regras de uma língua. Já a comunicação representa a forma como cada um de nós recebe e expressa uma mensagem, tendo papel social fundamental. Por fim, a fala representa uma das formas de expressão da linguagem. Ela acontece a partir de gestos e movimentos orais que resultam em sons e, ao serem combinados, formam palavras e frases. Mesmo com toda a estimulação possível, muitas crianças não-verbais não desenvolvem a fala. Algumas podem passar a utilizar palavras simples para se comunicar, mas não conseguem formar uma comunicação plena por esse meio. Porém, grande parte dessas crianças podem aprender outras formas de comunicação. Veja a seguir! Quais técnicas podem ser usadas para incentivar as habilidades comunicativas em TEA? Em primeiro lugar, é necessária a intervenção precoce . Quanto antes uma criança começar a ser estimulada, maiores serão as chances de que ela venha a desenvolver a linguagem e se comunique por meio da fala. Contudo, mesmo nos casos onde a linguagem oral não é possível, é na intervenção precoce que a criança começa a desenvolver habilidades de imitação e atenção compartilhada, fundamentais para qualquer tipo de aprendizado. No processo de intervenção, pode ser utilizada uma série de técnicas, com diversos objetivos, podendo ser: o desenvolvimento da linguagem oral ou a fala; ensinar a criança outras formas de comunicação (comunicação alternativa); a combinação desses dois objetivos. A seguir, confira as técnicas mais utilizadas para incentivar as habilidades comunicativas em TEA. Comunicação Alternativa Ampliada (CAA) Antes de entender como funcionam essas técnicas e recursos, é preciso lembrar que a Comunicação Alternativa Ampliada representa uma alternativa à comunicação oral, como: uso de gestos; língua de sinais; expressões faciais; pranchas de alfabeto; símbolos pictográficos. Ela pode ser muito útil para crianças com TEA, porque torna a comunicação mais concreta e visual. O uso desse tipo de técnica pode, inclusive, ajudar no desenvolvimento da linguagem oral. Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS) O Sistema de Comunicação por Troca de Figuras (PECS) é, atualmente, um dos sistemas de CAA mais conhecidos e utilizados. Ele tem como objetivo ensinar a comunicação funcional a partir do uso de pictogramas e pranchas, nas quais a criança tem a possibilidade de selecionar aquilo que gostaria de dizer. Essa técnica possibilita uma comunicação ampla, que vai desde o uso de palavras até a construção de narrativas. Vale lembrar que o PECS necessita de uma formação específica para sua aplicação. Aplicativos para autismo não-verbal Atualmente, muitos aplicativos (pagos ou gratuitos) que auxiliam no processo de comunicação estão disponíveis. Eles podem partir do princípio do uso de pictogramas ou figuras que, combinados, comunicarão uma mensagem, até o uso de palavras escritas — no caso de crianças alfabetizadas. A grande vantagem dos aplicativos é que eles permitem que a criança tenha em mãos um vocabulário muito maior sem que isso ocupe um espaço físico, como acontece nas pranchas convencionais. Além disso, torna o processo mais rápido e dinâmico. Outro diferencial desse tipo de sistema é a possibilidade da utilização de recursos de voz, que fazem a leitura das figuras ou palavras selecionadas pela criança, facilitando a comunicação com outras pessoas. O que pode ser feito além das técnicas citadas Além das técnicas citadas, a criança deve receber toda a estimulação necessária que a possibilite aprender a utilizar esses recursos. Assim como falamos da atenção e da imitação, outras habilidades precisam ser desenvolvidas para que a criança tenha intenção de se comunicar. Uma dica: quando houver associação entre o TEA e algum dos tipos de transtornos motores de fala, é imprescindível que a criança seja exposta a uma intervenção especializada para ter condições de desenvolver habilidades de fala. Qual o papel do fonoaudiólogo na intervenção do autismo não-verbal? O fonoaudiólogo tem papel indispensável, desde a etapa de intervenção precoce , até a seleção das técnicas mais adequadas para o desenvolvimento da comunicação e seu treino com a criança. Mas, para se ter sucesso, o profissional deve ser especializado e ter domínio teórico-prático das questões relacionadas ao TEA e as técnicas de intervenção. Gostou do post? Continue se aprofundando no assunto em nosso blog ! Referência: BRIGNELL, Amanda et al. Communication interventions for autism spectrum disorder in minimally verbal children. Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 11, 2018.
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